Educação Escolar de Pessoas com
Surdez – Atendimento Educacional Especializado em construção.
No
que concerne ao universo da educação de pessoas com surdez é possível observar,
historicamente falando, a grande discussão entre gestualistas e oralistas, que
tendem a desvalorizar a pessoa com surdez, ignorando suas potencialidades,
sujeitando-as a uma condição inferior e subjugada aos ouvintes, centrando o
problema da educação apenas na língua, esquecendo-se de reavaliar as práticas
pedagógicas adotadas.
Partindo da perspectiva de uma sociedade e de uma escola inclusiva,
faz-se necessário romper com esse paradigma instituído desde os primórdios, em
que a pessoa com surdez com surdez é tratada como deficiente e dessa maneira,
como pessoa que precisa de tratamento, pois como afirma (DAMÁZIO E FERREIRA),
“não vemos a pessoa com surdez como o deficiente, pois ela não o é, mas tem
perda sensorial auditiva, ou seja, possui surdez, o que a limita biologicamente
para essa função perceptiva”, assim, deve-se conceber a pessoa com surdez como
todo e qualquer ser humano dotado de habilidades e consciência, como um ser
capaz.
No que
diz respeito ao fracasso escolar das pessoas com surdez, não pode ser atribuído
à aquisição ou não de uma língua, pois se essa lógica e pensamento fossem
verdade, nenhuma criança ouvinte teria algum problema ou dificuldades com a
aprendizagem; mas sim, deve-se analisar também as praticas pedagógicas utilizadas
na escola e principalmente pelo docente.
Em um contexto de
rupturas com essa visão segregacionista e de embates entre gestualista e
oralistas, assinalamos que esse não é o caminho definido pelas políticas
públicas educacionais brasileira, quando legitima a perspectiva inclusiva numa
abordagem bilingüe para a educação das pessaos com surdez. A ruptura com o
mundo ouvinte não marcará ou respeitará a diferença da pessoa com surdez, ou
mesmo lhe retirará a deficiência, que é determinada pelo biológico, mas essa
falta não a impede de desenvolver as possibilidades de significações e
definições na sociedade do conhecimento, uma vez que a demarcação do território
ouvinte ou surdo não é algo real e concreto, pois as relações políticas e
sociais envolvem todo e qualquer ser humano, independente de sua deficiência ou
não.Esse ser humano precisa ser trabalhado no espaço escolar como um ser que
possui uma deficiência, e que essa deficiência provoca uma diferença e
limitações, que essa diferença e tais limitações devem ser reconhecidas e
respeitadas, mas não podemos justificar o fracasso nessa questão, em
virtude de cairmos na cilada da diferença, segundo (PIERUCCI, 1999).
O direito de
educação bilíngue para pessoa com surdez suscita uma reavaliação do processo
onde o AEE se apresenta como uma ponte que se conecta entre a teoria e a
prática, em uma reconstrução do saber e fazer pedagógico, adotando para tanto,
em que o autor chama de “Pedagogia Contextual Relacional”, onde as experiências
e vivências do indivíduo ganham valor e se relacionam com a aprendizagem,
desenvolvendo-se todas as habilidades possíveis, onde “nesse contexto o aluno
com surdez se sentirá situado e compreenderá com mais facilidades os conteúdos
em estudo” (DAMÁZIO E FERREIRA).
Para o desenvolvimento de um bom AEE PS, onde os obstáculos e entraves
existentes não se façam presentes, o autor sugere o desenvolvimento de três
momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras,
Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa e
Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras.
É preciso
conceber a escola como espaço do saber, da promoção das habilidades, da
inclusão efetiva, do respeito às diferenças e do conhecimento do novo.
Referências:
DAMÁZIO,
M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento
Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5,
2010. p.46-57.
Disponível
em: Acesso em: 05/03/2014.
http://inclusaoaee2013.blogspot.com.br/2014/02/resumo-do-texto-educacao-escolar-de.html