A áudio-descrição, recurso
que consiste na tradução de imagens em palavras escritas ou oralizadas, é uma tecnologia assistiva que busca principalmente a inclusão e
o empoderamento da pessoa com deficiência visual, contudo este recurso pode
ampliar as possibilidades de inserção social e acesso à informação/comunicação
das pessoas com deficiência intelectual, disléxicos e idosos em diversos
contextos sociais: cinema, teatro, programas de televisão etc. (LIMA; TAVARES,
2010). O objetivo primeiro do gênero textual áudio-descrição é pois o de buscar
promover o empoderamento de pessoas com deficiência e alargar as possibilidades
de inclusão social para as pessoas que se encontram excluídas, total ou
parcialmente da experiência audiovisual. O empoderamento constitui o processo pelo qual
indivíduos, organizações e comunidades angariam recursos que lhes permitam ter
voz, visibilidade, influência e capacidade de ação e decisão (HOROCHOVSKI; MEIRELLES,
2009, p.486). O empoderamento é a palavra motriz que distingue as descrições
antes ofertadas à pessoa com deficiência visual e a áudio-descrição a qual pode
ser compreendida como uma descrição regrada, adequada a construir entendimento,
onde antes não existia, ou era impreciso; uma descrição plena de sentidos e que
mantém os atributos de ambos os elementos, do áudio e da descrição, com
qualidade e independência (LIMA et al., 2009). A áudio-descrição implica em
oferecer aos usuários desse serviço as condições de igualdade e oportunidade de
acesso ao mundo das imagens, garantindo-lhes o direito de concluírem por si
mesmos o que tais imagens significam, a partir de suas experiências, de seu
conhecimento de mundo e de sua cognição.( p. 3). Na esteira do entendimento
acerca da distinção entre a descrição e a áudio-descrição, situa-se a
intencionalidade da segunda em tornar acessível para a pessoa com deficiência
visual o que não está disponível, através do tato, ou, imediatamente, pela
fonte sonora natural do material. A áudio-descrição é conceitualizada, como
vimos, como técnica de tradução e/ou recurso assistivo, mas, numa crescente,
encapsula e transcende tais denominações, quando essencialmente ocorre em
resposta ao respeito aos direitos das pessoas com deficiência, e demais
indivíduos que dela queiram se utilizar; é marcada por uma necessidade
sociocomunicativa, registrada numa forma textual específica, embora não seja
estanque, e situada num propósito comunicativo vinculado a constituição de uma
sociedade de todos; é direito constitucional. (TAVARES et. al, 2010). Na
escola, ao utilizar este gênero tradutório, o professor busca garantir aos
alunos com deficiência o empoderamento, o direito a informação e a comunicação;
propiciando a participação em igualdade de condições e dignidade no contexto
escolar.
A áudio-descrição é um
empreendimento formativo, uma ferramenta pedagógica acessível e a chave para
seu uso vai além da boa vontade para o aprender e o executar, envolve o
reconhecimento de que o aluno cego ou com baixa visão é capaz de produzir
imagens a partir de fontes que não a informação visual. Neste caso,
reconhece-se que o aluno com deficiência visual tem a capacidade de produzir
imagens a partir de fontes auditivas, ou seja, de vivenciar um processo em que
as imagens são transformadas em código verbal e o verbal transformado em visual
interno, imagético, processo que ao ser vivenciado pela pessoa cega congênita
será chamado na literatura de representação mental.
A
descrição, no latim descriptione, é definida no dicionário Michaellis
(2002, p.245) como:
1-
Ação ou efeito de descrever. 2- Lit Tipo de composição que consiste em enumerar
as partes essenciais de um ser, geralmente adjetivas, de modo que o leitor ou
ouvinte tenha, desse ser, a imagem mais exata possível. 3- Enumerações das
qualidades ou caracteres (de animal ou pessoa). 4- Enumeração, relação. Já a
áudio-descrição (AD) é compreendida como um serviço cujo alvo são as pessoas
cegas ou com baixa visão, o qual é caracterizado por “uma narração adicional
que comunica vestimentas, linguagem corporal, e piadas visuais numa
apresentação visual” (LIMA3,
2010). Assim, as descrições concisas e objetivas inseridas entre partes do
diálogo ou canção ajudam os ouvintes a entender importantes elementos visuais.
Veja um exemplo de como você pode descrever as tirinhas para os
alunos cegos ou com baixa visão:
OUÇA
AQUI O ÁUDIO DA TIRINHA 5 ou leia em texto logo abaixo.
SUPER NORMAIS – O PODER DA DIFERENÇA.
Descrição: A tirinha de 11/12/2012, em preto e
branco, com 3 quadros, tem como cenário uma grande cidade; e dois jovens
cadeirantes, uma moça e um rapaz, como personagens. Ela com os cabelos longos e
lisos, ele com cabelos curtos.
No quadrinho 1, a frase: Uma linha
tênue separa dois mundos, e o desenho de uma folhinha voando com uma linha
curva acompanhando seu movimento no ar, sobre calçada onde está uma placa de
trânsito, com arranha-céus ao fundo.
No quadrinho 2, a frase: Uma história
de amor inacessível…, com destaque para a calçada e a placa de trânsito no meio
da grande cidade.
No quadrinho 3, a frase: 20 centímetros
evitam o beijo no meio-fio, e o desenho da jovem cadeirante parada na beira da
calçada, de perfil, olhando para baixo, na rua, onde está o jovem cadeirante,
de frente para ela.
Audiodescrição: VER COM PALAVRAS.
Narração: Marcelo Sanches.
Tirinha disponível em:
REFERÊNCIAS:
Disponível
em: http://www.lerparaver.com/lpv/audio-descricao-caminho-acessibilidade-igualdade Acesso em: 01/12/2013.
LIMA, F.J.; LIMA, R.A.F.,
VIEIRA, P. A. M. O Traço de União da Áudio-descrição: Versos e Controvérsias,
Vol. 1. Revista Brasileira de Tradução Visual (RBTV) 2009. Disponível em < http://www .rbtv. associados
dainclusao .com.br/index.php/. >
Acesso em dezembro de 2013.
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